Março: morrer entrar nascer sair
- ruafrutapao
- 2 de mar. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 7 de mar. de 2019
Que “o ano só começa depois do carnaval” os romanos antigos também concordavam.
Em uma sociedade em que a agricultura dá as cartas, é natural que o calendário oficial gire em torno das estações: semear, esperar, ver crescer, colher, contar com tempo bom, estocar para o inverno hostil.
Não espanta que março seja, então, primeiro mês do ano e também início da primavera para os romanos. Passados os rituais de purificação ao deus Fébruo, em februaris, em março os povos se organizam: quem é da guerra, guerra; quem é da plantação, plantação.
Para esse mês de demandas duplas, um deus também duplo: Marte responde não só pela batalha, violência e invasão, como pela agricultura. Numa lógica imperialista, quanto mais terra, mais poder. É bom poder ampliar territórios e fecundar a terra com a bênção divina - nada distante de nós.
Março vem de Marte: um deus de pura violência.
Olhando para cima, não é sem razão que o planeta vermelho carrega seu nome. Na superfície de Marte, está a cor ligada ao sangue.
De Mars pulamos pra Marte, depois pra Martius (que se lê Marcius), chegando a março. Alguns homens se chamam Marcos, outros, Márcio, e ainda Marcelo. Na língua, Marte permanece em marcial, tanto a marcha militar quanto as lutas milenares. Todos filhos do mesmíssimo deus.
Mas os brutos também amam.
O deus da guerra se desarma nos braços de Vênus. Esquece que luta e dorme. Nenhuma hipótese de pesadelo, de barbaridade, de querer dominar. Marte e a deusa da beleza formam um casal que é desejo: matar e morrer no campo e no quarto. Que filho poderiam ter? Não há dúvida de que se Cupido herdou o coração da mãe, o impulso bélico veio do pai. Cupido: bicho que espalha amor ferindo com flecha aguda.
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