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Março: morrer entrar nascer sair

Atualizado: 7 de mar. de 2019


marte, óleo sobre tela, velazquez, 1638
marte, óleo sobre tela, velazquez, 1638

Que “o ano só começa depois do carnaval” os romanos antigos também concordavam.

Em uma sociedade em que a agricultura dá as cartas, é natural que o calendário oficial gire em torno das estações: semear, esperar, ver crescer, colher, contar com tempo bom, estocar para o inverno hostil.


Não espanta que março seja, então, primeiro mês do ano e também início da primavera para os romanos. Passados os rituais de purificação ao deus Fébruo, em februaris, em março os povos se organizam: quem é da guerra, guerra; quem é da plantação, plantação.


Para esse mês de demandas duplas, um deus também duplo: Marte responde não só pela batalha, violência e invasão, como pela agricultura. Numa lógica imperialista, quanto mais terra, mais poder. É bom poder ampliar territórios e fecundar a terra com a bênção divina - nada distante de nós.


Março vem de Marte: um deus de pura violência.


Olhando para cima, não é sem razão que o planeta vermelho carrega seu nome. Na superfície de Marte, está a cor ligada ao sangue.


De Mars pulamos pra Marte, depois pra Martius (que se lê Marcius), chegando a março. Alguns homens se chamam Marcos, outros, Márcio, e ainda Marcelo. Na língua, Marte permanece em marcial, tanto a marcha militar quanto as lutas milenares. Todos filhos do mesmíssimo deus.


Mas os brutos também amam.


O deus da guerra se desarma nos braços de Vênus. Esquece que luta e dorme. Nenhuma hipótese de pesadelo, de barbaridade, de querer dominar. Marte e a deusa da beleza formam um casal que é desejo: matar e morrer no campo e no quarto. Que filho poderiam ter? Não há dúvida de que se Cupido herdou o coração da mãe, o impulso bélico veio do pai. Cupido: bicho que espalha amor ferindo com flecha aguda.




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